quinta-feira, 17 de abril de 2008


Regionalismos relembrados hoje no Liceu



O falar madeirense não é inferior ao português, contribui para o enriquecimento da língua

Está ultrapassada a ideia que o falar madeirense seja um erro, ou um falar inferior ao registo do português padrão. Paula Freitas, docente da Jaime Moniz e estudiosa da língua, clarificou esta manhã, aos alunos do 'Liceu', que são estes falares diferentes, que existem ao longo de todo o território português, que contribuem para o enriquecimento da língua. "O português é a junção de todos os falares de Portugal, incluindo a Madeira", salientou esta manhã Paula Freitas ao DIÁRIO, à margem da palestra intitulada 'Regionalismos na oralidade e na escrita', que contou também com a presença do professor e escritor Lídio Araújo, autor da obra 'Filhos do Mar', na qual tenta registar o 'chavalhês', falar camaralobense.

Fonte: Diário de Notícias

Texto Madeirense:

Tava o vendeiro ao paleio com o vadio do vilão quando ouviu uma zoada. Era a água de giro. O buzico do levadeiro que vinha mercar palhetes à venda, vinha às carreiras e às parafitas com bizalho. Dá-lhe uma cangueira, trompicou no matulhão do vilhão. Bate cas ventas no lanço e esmegalha a pucra. O vilão dá-lhe uma reina vai a cima dele para lhe dar uma relampada, patinha uma poia. Ficou todo sovento. O vendeiro dá-lhe uma ressonda por ele querer malhar num bizalho dum pequeno. Vem o levadeiro, e, ao ver o vassola, que anda à gosma e a encher o pampulho à custa dos outros, a ferrar com o filho, fica variado do miolo e diz-lhe umas. O vilão atazanado, atremou mal e pensou que ele lhe tinha chamado de chibarro, ficou alcançado, deu-lhe uma rabanada e foi embora todo esfrancelhado. O levadeiro ficou mais que azoigado mas lá foi desatupir a levada. O piquene chegou a casa todo sentido, com um mamulhão. A mãe que é uma rabugenta mas abica-se por ele, ao vê-lo todo ementado, deu-lhe um chá que era uma água mijoca, pensando que canalha é mesmo assim, mas, como ele não arribava, antes continuava olheirento, entujado e da chorrica foi curar do bicho virado e do olhado. O busico arribou e até já anda a saltar poios de bananeiras na Fajã. É assim que se fala na Madeira!!

Sem comentários: